CMNE realiza homenagem aos militares que integraram a missão de paz no Haiti
O Comando Militar do Nordeste esteve presente em seis contingentes (de um total de 26), com a participação total de 2.929 militares...
Jaboatão dos Guararapes (PE) - O Comando Militar do Nordeste (CMNE), com o apoio da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada (10ª Bda Inf Mtz), realizou, no dia 20 de outubro, às 8h, uma solenidade para celebrar o encerramento da participação brasileira na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). O evento aconteceu no 14º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Jaboatão dos Guararapes, ao mesmo tempo em que foi realizado, em várias organizações militares de todo o Brasil.
Na ocasião, aconteceu uma formatura militar com a presença do General de Exército Artur Costa Moura, Comandante Militar do Nordeste, militares da guarnição de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes e a presença dos chamados “Boinas Azuis”, ex-integrantes da missão de paz. A solenidade teve por finalidade: homenagear e valorizar os militares que participaram da missão; e fortalecer os pilares da Força Terrestre, enfatizando as tradições, memórias e valores do Exército Brasileiro.
Os últimos militares brasileiros que participaram da MINUSTAH retornaram ao Brasil, no início de outubro, com a sensação do dever cumprido. Foi a maior participação externa do Brasil, desde a 2ª Guerra Mundial. Ao longo de 13 anos, 36.950 mil integrantes das Forças Armadas participaram da missão, sendo 30.579 do Exército Brasileiro, 6.014 da Marinha do Brasil e 357 da Força Aérea. No Haiti, 24 militares do Exército Brasileiro faleceram durante a missão, sendo 18 durante o grande terremoto de 2010.
O Comando Militar do Nordeste esteve presente em seis contingentes (de um total de 26), com a participação total de 2.929 militares.
BRASIL NO HAITI - UM CASO DE SUCESSO
Em 2004, o Brasil assumiu a liderança da força militar internacional na MINUSTAH, à frente de contingentes de várias nações, no contexto da ausência do poder naquele país, decorrente da renúncia do presidente Jean-Bertrand Aristide. Após o terremoto, que assolou o Haiti, em 12 de janeiro de 2010, o efetivo foi ampliado e permaneceu com as missões de: contribuir para a manutenção de um ambiente seguro e estável; cooperar com as atividades de assistência humanitária e de fortalecimento das instituições nacionais; e realizar operações militares de manutenção da paz.
Naquele ano de 2010, o então major Marcos Antonio, hoje coronel, acabara de chegar ao Haiti para compor mais um dos contingentes que iria fazer o revezamento dos militares e vivenciou de perto o drama da população atingida pelo terremoto. “A missão em si já é marcante, porque passamos a nossa vida aprendendo, participando de treinamentos, que são colocados em prática, em uma situação real. Vivenciei a maior experiência da minha vida, constantemente sendo colocado em situações que me levavam ao limite. Após o terremoto, foi intensa a luta por procurar sobreviventes, proporcionar segurança, distribuir alimentos e mantimentos para as famílias e reconstruir um país que, naquele momento, estava quase voltando para uma situação de normalidade, já se preparando para novas eleições, quando foi assolado pelo desastre natural”, relatou.
A manutenção de um ambiente seguro e estável era a base para que os demais atores envolvidos com a Organização das Nações Unidas (ONU) realizassem as tarefas de ajuda humanitária e de reconstrução do país, bem como para que o governo haitiano fortalecesse suas instituições e prosseguisse na busca do desenvolvimento e da geração de riquezas.
Entre as ações operacionais, realizadas ao longo da missão, destacam-se: patrulha a pé e motorizada 24 horas por dia, 7 dias por semana; check e static point nas principais avenidas e entrocamentos; segurança de pontos sensíveis e de canteiros de trabalho das unidades de Engenharia; escoltas de comboios e segurança de autoridades; operações conjuntas com a Polícia Nacional do Haiti e a Polícia da ONU; e operações de busca e apreensão e de controle de distúrbios.
O apoio às vítimas do terremoto, em 2010, do furacão Mathew, em 2016, do furacão Irma, em 2017, a garantia do processo eleitoral haitiano e as atividades de cooperação civil-militar marcaram a atuação das forças militares no Haiti. Para o soldado José Oliveira, que compôs o 25º Contingente, a missão de paz no Haiti o ajudou a ser uma pessoa mais solidária. “Ver a situação precária vivida em muitos locais, me fez pensar bastante em como ajudar o próximo, em qualquer circunstância”, destacou.
O Exército Brasileiro também atuou com a Engenharia na reconstrução daquele país. Foram mais de 340 mil metros quadrados de asfalto de vias públicas, reparação de mais de 815 mil metros quadrados de estradas, regularização de mais de 35 mil metros quadrados de terreno, remoção de escombros e entulhos e limpeza de valas. Além disso, foram perfurados 64 poços artesianos e efetuado o transporte diário de água tratada para órgãos da MINUSTAH, orfanatos e outras instituições.
O 2º sargento Lucio integrou o pelotão de Engenharia e cumpriu funções de apoio a reconstrução, limpeza de valas, entre outros. Segundo ele, foi uma experiência bastante positiva vivenciar outra cultura, em outro país. Em contrapartida, ficaram marcados a dor e o sofrimento daquela população. “Não tinha coragem nem de beber água mineral na frente de uma criança”, disse.
Técnica de enfermagem, a 3º sargento Michele, atuou nos cuidados com a tropa durante a missão de paz, mas também participou de diversas ações sociais que a colocaram em contato direto com a população, principalmente crianças que viviam em orfanatos. “Aprendi a dar mais valor a minha família e parar de reclamar da vida. Quando a gente percebe que tem pessoas vivendo em uma situação bem pior do que a nossa, começamos a refletir”, afirmou.
Enfrentar catástrofes naturais, prestar apoio e ajuda humanitária a milhares de desabrigados, socorrer e resgatar as vítimas foram de grande complexidade para as tropas brasileiras, mas também uma oportunidade de acumular experiência e aprimorar a tropa no contexto técnico e operacional. O soldado da paz fez a diferença no Haiti e cumpriu sua missão, em algumas vezes, com o sacrifício da própria vida.
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